
A dor silenciosa da confiança traída
Está se tornando recorrente a experiência de ser enganado.
Outro dia, decidi valorizar o comércio local da minha cidade e fui comprar um produto para minha horta.
A atendente foi simpática e, com gentileza, me ofereceu algo novo, mais prático e muito eficaz — segundo ela.
Ao voltar para casa, desconfiado do preço, resolvi pesquisar na internet. Descobri que havia pago seis vezes mais do que o valor justo.
E pior: o produto nem era exatamente para o uso que eu havia indicado.
Você já deve ter sentido esse vulcão interno.
Parecia que até minhas plantas estavam rindo da minha ingenuidade.
O atendimento havia sido cordial, mas o sentimento foi o de uma apunhalada pelas costas.
A dor foi dupla: financeira e ética.
Eu confiei — e fui traído.
E o pior é saber: isso acontece todos os dias, com milhares de pessoas, em múltiplas formas.
Você tem ideia de quanta insegurança relacional se instala a partir de experiências como essa?
Quantos outros prejuízos são desencadeados?
Pense comigo:
- Você se casaria com alguém em quem não confia?
- Você confiaria sua vida a um piloto que mente?
- Você comeria algo preparado por alguém que você não respeita?
- Você investiria dinheiro num agente sem integridade?
Está entendendo onde quero chegar?
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Sem confiança, o mundo desaba.
Tudo se torna tenso, estressante, para não dizer: insuportável.
Mas o que causa essa fragilidade?
O que torna o engano algo tão naturalizado?
Vivemos uma cultura doente: a cultura da esperteza.
O lucro sem ética.
O “jeitinho”.
A crença de que mentir é necessário, de que a palavra é descartável, de que ser verdadeiro é ser tolo.
E quando a palavra perde valor, a vida também perde.
Às vezes, confesso, penso que não pertenço mais a este tempo.
Tamanha é a dor de viver em uma sociedade onde o engano se tornou norma.
Mas não há para onde fugir.
Então, resta resistir.
Resta transformar.
Prefiro perder dinheiro do que perder a mim mesmo.
E você?
Quantas vezes já sentiu essa dor silenciosa?
Você ainda confia na palavra das pessoas?
O que estamos ensinando aos nossos filhos — aqueles que, no futuro, cuidarão de nós?
Eles serão honestos?
Ou o mundo estará ainda mais corroído?
Vale lembrar as palavras de Richard Sennett:
“A falta de estabilidade moral não é uma questão pessoal.
É uma doença silenciosa de uma época que perdeu o valor da palavra.”
—
Ederson Malheiros Menezes
www.edersonmenezes.com.br
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