palestrante social e os desafios do desenvolvimento socialcultural - ederson menezes

PALESTRANTE SOCIAL – DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SOCIOCULTURAL

A sensibilidade do ser palestrante social

 

O QUE SIGNIFICA SER PALESTRANTE SOCIAL?

Portanto, o primeiro desafio é este mesmo, definir o que significa esta designação “palestrante social”.

E, neste sentido, sabe-se bem que “palestrante” todo mundo sabe o que é, ou melhor, o que faz. Mas, o que o caracteriza aqui como social?

Em um primeiro momento, todo o palestrante é social, já que o exercício de sua função direciona-se à sociedade, especialmente, na direção de suas organizações e instituições.

Entretanto, o que chamo de palestrante social neste texto diz respeito a sensibilidade que o profissional tem para além de suas competências técnicas e funcionais, de perceber com propriedade a realidade em que se insere, e as conexões que ela possui.

Eu poderia falar sobre isso a partir da minha formação em sociologia, sobre a denominada imaginação sociológica e com vistas à inteligência social aplicada. Mas quero fugir do cientificismo, quero falar apenas como ser humano.

Por fim, trata-se desta visão sensível, que humaniza a prática de palestrar e conectar o palestrante com uma visão e propósito de vida diferenciado, para além, dos fluxos técnicos.

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O QUE MOTIVOU ESTA REFLEXÃO SOBRE ESTE PERFIL DE PALESTRANTE

Portanto, hoje (02/04/2019), estive “palestrando” na Escola Eusébio de Queiroz”. Você sabe qual é?

Provavelmente não, mas já vou te explicar melhor a importância dela para a realidade do palestrante social e os desafios do desenvolvimento sociocultural.

A Escola Eusébio de Queiroz era a escola da menina Maria Eduarda, no interior de Catuípe -RS. Uma história trágica que sensibilizou todo o País, tendo em vista a violência que ela viveu antes de ser morta, sendo o suspeito do crime, o motorista do transporte escolar.

Uma referência descritiva do ocorrido pode ser encontrado AQUI.

Quando recebi o convite para palestrar, de imediato sabia que não era apenas uma palestra.

Então, foi uma fala de compaixão e acolhimento pela condição dos colegas da Maria Eduarda e da própria equipe diretiva e docente – dor que faz perder o norte da vida.

Normalmente, minhas palestras são no âmbito do desenvolvimento humano, e não que esta estivesse fora dele. Mas não era uma questão de desenvolvimento, antes, de manutenção, de manter a esperança da vida, de preservação do que é bom e que deve ser cultivado para que coisas como esta não aconteçam mais.

Quando cheguei na escola, os alunos estavam espalhados pelo pátio. A dor estava expressa em cabeças baixas, olhos que erguiam-se com lentidão, e olhares de incertezas – a escola os acolheu, os reuniu, e evidentemente queria fazer algo diferente para os alunos.

A iniciativa da equipe diretiva foi importante, pois junto com os alunos, também sofrem os professores. E dor tão forte assim, esgota qualquer ser humano. Mas ainda assim, eles estavam lá, orientando, acolhendo, caminhando junto, cuidando, ensinando fora da sala de aula.

Fomos para uma sala, alguns estavam faltando, mas alunos e professores, todos evidenciavam a expectativa de que algo inusitado pudesse curar ou mesmo mudar a realidade dos fatos.

Em minha muito mais fala do que palestra, no exercício de ser humano, destaquei que precisamos reconhecer aquilo que devemos aumentar e diminuir em nossa vida, sobre nossas atitudes, as pessoas que estão perto, que podem nos ajudar, sobre a realidade da vida onde fatalidades não pedem licença, mas acima de tudo, sobre a importância de continuarmos cultivando o bem em nós e fora de nós, tendo em vista transformar a realidade em um bem maior.

Uma síntese da matemática, geografia e biologia da vida.

Ao oportunizar aos alunos que externassem o que queriam aumentar, sobressaíram os valores do amor, da paz, do respeito, em vozes infanto-juvenis trêmulas e ainda corajosas.

Qualquer coração sensível, sente um aperto. E, apertou o coração olhar para eles e para os professores que os acolhiam.

Encerramos o momento de mãos dadas, com bons pensamentos na mente e no coração e com o desafio pessoal e coletivo de cultivar o bem – de fazer o bem acontecer, de participar positivamente na vida uns dos outros.

 

QUE IMPLICAÇÕES ISSO TEM PARA O SER PALESTRANTE?

Portanto, esta tragédia humana envolvendo a vida da Maria Eduarda recebeu atenção nos meios de comunicação e nas redes sociais. Mas há muitos casos de violência que envolvem a vida de nossos adolescentes e jovens em nosso País.

São violências que cometem contra si próprios e violência pelas quais os adolescentes e jovens são acometidos.

São realidades múltiplas que afetam a vida como um todo, fruto de iniciativas inconsequentes – incompletas.

Além disso, o aumento do TDAH e de outros índices como depressão e suicídio, devem ser urgentemente considerados como provocadores de mudanças necessárias e emergentes na vida.

Precisamos de novas práticas socioculturais cujos resultados invertam estas realidades.

E, todo o palestrante, em sua missão de vida, pode ampliar sua visão e consequentemente contribuir ainda mais assertivamente num desenvolvimento sempre de novo, mais humano, mais sensível, mais integral, mais social e sociocultural.

Escrevo com carinho, plantando as sementes do bem, as mesmas que estimulei os alunos da Escola Eusébio de Queiroz a tomar em suas mãos, de colocar em seus corações e compartilhar continuamente com o mundo.

 

Ederson Menezes (Palestrante-Coach, Palestrante Social)

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